Em julgamento do TJD-PR, volante que proferiu insulto racista é suspenso por sete jogos; zagueiro vítima, que revidou com um soco, pega dez
PV (de camisa branca) atinge Diego com um soco, em Batel x Nacional-PR — Foto: Reprodução/FPF TV
O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) definiu, na noite desta segunda-feira (21), as punições aos jogadores Diego, ex-volante do Batel, e PV, zagueiro do Nacional-PR, após o episódio de injúria racial ocorrido em partida válida pela Taça FPF, em Guarapuava.
Em decisão unânime, Diego foi condenado a sete jogos de suspensão e multa de R$ 2 mil, por ter chamado o adversário de “macaco”. Já o defensor PV, que reagiu com um soco e cusparada após ser ofendido, acabou recebendo uma pena mais severa: dez jogos de suspensão, sendo quatro pela agressão física (em decisão dividida) e seis pelo cuspe (voto unânime).
O incidente aconteceu durante uma disputa em cobrança de escanteio. PV teria cuspido em Diego, que respondeu com a ofensa racista. Em seguida, o zagueiro relatou o insulto ao árbitro e reagiu com um soco no rosto do rival. O juiz Diego Ruan Pacondes da Silva aplicou o protocolo antirracismo da FIFA, cruzando os braços em “X”, e interrompeu o jogo. PV acabou expulso, e Diego precisou de atendimento médico.
Confira os votos dos auditores do TJD-PR, conforme apuração do Jogo de Hoje:
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Bruno Cavalcante: punição de sete jogos e multa de R$ 2 mil para Diego; dez jogos para PV (quatro pelo soco e seis pelo cuspe).
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José Mario Pirolo Neto: manteve o mesmo voto de Cavalcante.
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José Leandro Scandelari: votou por sete jogos e multa a Diego; seis jogos a PV apenas pelo cuspe, sendo o único a pedir absolvição quanto ao soco.
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Carlos Roberto da Silva: acompanhou o voto pela punição de dez jogos a PV e sete a Diego.
Durante o julgamento, Diego alegou que teria dito “malaco”, e não “macaco”, defendendo que a palavra seria usada como gíria para “maloqueiro”. A defesa do jogador ainda não se pronunciou oficialmente.
O Batel foi absolvido por unanimidade, após ser denunciado por suposta omissão no caso. O clube havia sido enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de atos discriminatórios ou preconceituosos, mas o TJD-PR entendeu que não houve negligência por parte da equipe.
Na esfera criminal, a Polícia Civil do Paraná mantém inquérito aberto para investigar o episódio. Os dois jogadores já foram ouvidos, e a defesa de PV aguarda a manifestação do Ministério Público do Paraná, além de preparar uma ação cível.
Reações dos clubes
Nacional-PR:
— O Nacional Atlético Clube de Campo Mourão/PR acompanha de perto a situação de injúria racial praticada em desfavor de um de seus atletas. Na data de 21/10/2025 o TJD-PR julgou em Primeira Instância o caso.
— O clube tomará todas as medidas judiciais cabíveis, para que de fato a Justiça seja feita, renovando seu compromisso contra quaisquer práticas de atos discriminatórios, as quais são inaceitáveis! — afirmou o advogado Marlon Lima, em nota.
Batel:
— Na noite de ontem o Batel foi absolvido por unanimidade sobre as falsas acusações de que teria sido omisso ou até mesmo conivente com aquele lamentável episódio que aconteceu no jogo contra o Nacional-PR — declarou o presidente Leonardo Mattos Leão.
— Reiteramos nossa postura de tolerância zero a qualquer tipo de preconceito ou discriminação e a gente só quer apagar esse lamentável episódio. Foi um julgamento farto de provas e muito técnico, onde todo o contexto apareceu e ficou muito claro — completou o dirigente.
Entenda o caso
O episódio ocorreu aos 41 minutos do segundo tempo, após uma falta de ataque. PV, ao conversar com o árbitro, teria sido insultado por dois jogadores do Batel — Luís Hyago e Diego. Diante das ofensas, o zagueiro reagiu com um soco.
O Batel anunciou a demissão imediata do volante logo após o ocorrido.
✦ Fonte – Jogo de Hoje 360°

