Promotor Lincoln Gakiya fala sobre operação que mira plano do PCC para matar autoridades em SP As investigações da Operação Recon, do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Civil, apontam que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) usou drones para monitorar a rotina do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, além de ter alugado uma casa de luxo a menos de um quilômetro da casa dele para mapear a rotina do promotor e dos policiais responsáveis pela sua escolta pessoal. Segundo a operação, o PCC tinha um plano de executar Gakiya e o coordenador de presídios Roberto Medina, responsável por unidades prisionais da região oeste do estado. "Constatou-se que havia também o meu monitoramento, minha casa foi monitorada por drones, havia uma casa próxima do meu condomínio que foi usada como base para monitorar minha rotina. Foram encontrados prints com o trajeto que uso diariamente para me deslocar para o MP. E também para rotinas como academia, etc. Foi trabalho em conjunto com Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal e Gaeco", falou Gakiya. Segundo o promotor, as informações foram extraídas de um celular de um integrante do PCC da região de Presidente Prudente. Imagens aéreas mostraram que diversas pessoas se reuniam nesta casa, que servia também como ponto de distribuição de droga. Os investigadores suspeitam que os bandidos pretendiam atacar o promotor no caminho que ele costuma fazer para chegar ao trabalho. Gakiya faz parte do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco) de Presidente Prudente, no interior do estado. Ele assumiu a Promotoria de Justiça da Comarca da cidade em 1996, para onde foi mandada a cúpula do PCC dez anos depois. Há mais de duas décadas ele investiga as lideranças da facção criminosa e a infiltração dela no estado. LEIA TAMBÉM: Quem são os suspeitos investigados por plano do PCC para matar promotor e diretor de presídios em SP Vídeo de caminho casa-trabalho, moto, campana: como membros do PCC monitoraram rotina de diretor de presídio jurado de morte Criminosos do PCC alugaram casa a menos de 1 km de onde promotor mora para monitorar a rotina dele Reprodução Segundo o MP, as investigações da Operação Recon revelaram a existência de “uma célula do crime organizado estruturada de forma compartimentada e altamente disciplinada, incumbida de realizar levantamentos detalhados da rotina de autoridades públicas e de seus familiares, com a clara finalidade de preparar atentados contra esses alvos previamente selecionados”. "De acordo com os elementos colhidos, os criminosos já haviam identificado, monitorado e mapeado os hábitos diários de autoridades, num plano meticuloso e audacioso que demonstrava o grau de periculosidade e ousadia da organização”, afirmou. A célula do PCC operava sob rígido esquema de compartimentação, onde cada integrante desempenhava uma função específica, sem conhecer a totalidade do plano, o que dificultava a detecção da trama, segundo o Gaeco. “As buscas domiciliares realizadas nesta sexta devem resultar na coleta de diversos elementos de prova que subsidiarão as próximas fases da investigação, voltadas à identificação de outros partícipes e ao mapeamento completo da cadeia de comando criminosa”, afirmou o MP-SP. Vídeo mostra como integrantes do PCC traçaram trajeto percorrido por Medina Monitoramento de autoridades O promotor de Justiça Lincoln Gakiya e do coordenador de presídios Roberto Medina, da Secretaria de Administração Penitenciária. Montagem/g1/Reprodução/TV Globo No total, a Operação Recon cumpre 25 mandados de busca e apreensão. A Justiça determinou ainda a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos suspeitos para que os investigadores possam apurar o envolvimento de mais pessoas no esquema. A polícia afirma que a ordem para atacar Gakiya e Medina partiu do PCC. Os mandados estão distribuídos nas cidades paulistas de Presidente Prudente (11), Álvares Machado (6), Martinópolis (2), Pirapozinho (2), Presidente Venceslau (2), Presidente Bernardes (1) e Santo Anastácio (1). 👉 A Polícia Civil diz que, por ora, não vê conexão entre esse plano e o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. No entanto, um detalhe chama a atenção: os bandidos começaram a seguir os passos de Medina e Gakyia em meados em julho, mesma época em que os assassinos do ex-delegado começaram a segui-lo em Praia Grande. A investigação começou em julho, depois que policiais militares prenderam um homem em flagrante por tráfico de drogas. A análise do celular apreendido com Vitor Hugo da Silva, o VH, revelou a participação dele num plano para matar Roberto Medina. Os investigadores encontraram, por exemplo, um minucioso levantamento sobre a rotina de Medina, com fotos e vídeos que mostram o trajeto percorrido diariamente pelo coordenador de presídios de casa até o trabalho. Em áudios, os bandidos falam sobre a preocupação de serem filmados nas imediações da casa de Medina. Criminosos alugaram casa próxima à casa de Gakiya Reprodução Operação mira suspeitos de monitorar a rotina de autoridades Divulgação A partir da prisão de VH, os investigadores chegaram até outro suspeito, Wellison Rodrigo Bispo de Almeida, o Corinthinha, também integrante do PCC. Wellison foi preso no curso das investigações. Embora resida em Martinópolis, ele tinha alugado uma chácara a 53 quilômetros dali, em Presidente Bernardes. Wellison alegou que estava fugindo de um policial, que o ameaçou de morte. Mas os investigadores afirmam que estava ali a mando do PCC para seguir os passos de Roberto Medina. Os policiais identificaram um terceiro suspeito de envolvimento no plano de atentado contra autoridades. Sérgio Garcia da Silva, o Messi, foi preso no dia 26 de setembro, por tráfico de drogas. Em um celular, encontrado debaixo de um travesseiro, havia conversas que indicavam o envolvimento dele no plano de assassinato de Medina e também de Gakyia. Também foram encontrados prints de telas com o trajeto que Gakyia costuma fazer de casa ao trabalho. Investigação mostra que PCC usava loja infantil pra lavar dinheiro
PCC alugou casa vizinha e usou drones para monitorar promotor jurado de morte; veja detalhes da investigação
Escrito em 24/10/2025
Promotor Lincoln Gakiya fala sobre operação que mira plano do PCC para matar autoridades em SP As investigações da Operação Recon, do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Civil, apontam que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) usou drones para monitorar a rotina do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, além de ter alugado uma casa de luxo a menos de um quilômetro da casa dele para mapear a rotina do promotor e dos policiais responsáveis pela sua escolta pessoal. Segundo a operação, o PCC tinha um plano de executar Gakiya e o coordenador de presídios Roberto Medina, responsável por unidades prisionais da região oeste do estado. "Constatou-se que havia também o meu monitoramento, minha casa foi monitorada por drones, havia uma casa próxima do meu condomínio que foi usada como base para monitorar minha rotina. Foram encontrados prints com o trajeto que uso diariamente para me deslocar para o MP. E também para rotinas como academia, etc. Foi trabalho em conjunto com Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal e Gaeco", falou Gakiya. Segundo o promotor, as informações foram extraídas de um celular de um integrante do PCC da região de Presidente Prudente. Imagens aéreas mostraram que diversas pessoas se reuniam nesta casa, que servia também como ponto de distribuição de droga. Os investigadores suspeitam que os bandidos pretendiam atacar o promotor no caminho que ele costuma fazer para chegar ao trabalho. Gakiya faz parte do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco) de Presidente Prudente, no interior do estado. Ele assumiu a Promotoria de Justiça da Comarca da cidade em 1996, para onde foi mandada a cúpula do PCC dez anos depois. Há mais de duas décadas ele investiga as lideranças da facção criminosa e a infiltração dela no estado. LEIA TAMBÉM: Quem são os suspeitos investigados por plano do PCC para matar promotor e diretor de presídios em SP Vídeo de caminho casa-trabalho, moto, campana: como membros do PCC monitoraram rotina de diretor de presídio jurado de morte Criminosos do PCC alugaram casa a menos de 1 km de onde promotor mora para monitorar a rotina dele Reprodução Segundo o MP, as investigações da Operação Recon revelaram a existência de “uma célula do crime organizado estruturada de forma compartimentada e altamente disciplinada, incumbida de realizar levantamentos detalhados da rotina de autoridades públicas e de seus familiares, com a clara finalidade de preparar atentados contra esses alvos previamente selecionados”. "De acordo com os elementos colhidos, os criminosos já haviam identificado, monitorado e mapeado os hábitos diários de autoridades, num plano meticuloso e audacioso que demonstrava o grau de periculosidade e ousadia da organização”, afirmou. A célula do PCC operava sob rígido esquema de compartimentação, onde cada integrante desempenhava uma função específica, sem conhecer a totalidade do plano, o que dificultava a detecção da trama, segundo o Gaeco. “As buscas domiciliares realizadas nesta sexta devem resultar na coleta de diversos elementos de prova que subsidiarão as próximas fases da investigação, voltadas à identificação de outros partícipes e ao mapeamento completo da cadeia de comando criminosa”, afirmou o MP-SP. Vídeo mostra como integrantes do PCC traçaram trajeto percorrido por Medina Monitoramento de autoridades O promotor de Justiça Lincoln Gakiya e do coordenador de presídios Roberto Medina, da Secretaria de Administração Penitenciária. Montagem/g1/Reprodução/TV Globo No total, a Operação Recon cumpre 25 mandados de busca e apreensão. A Justiça determinou ainda a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos suspeitos para que os investigadores possam apurar o envolvimento de mais pessoas no esquema. A polícia afirma que a ordem para atacar Gakiya e Medina partiu do PCC. Os mandados estão distribuídos nas cidades paulistas de Presidente Prudente (11), Álvares Machado (6), Martinópolis (2), Pirapozinho (2), Presidente Venceslau (2), Presidente Bernardes (1) e Santo Anastácio (1). 👉 A Polícia Civil diz que, por ora, não vê conexão entre esse plano e o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. No entanto, um detalhe chama a atenção: os bandidos começaram a seguir os passos de Medina e Gakyia em meados em julho, mesma época em que os assassinos do ex-delegado começaram a segui-lo em Praia Grande. A investigação começou em julho, depois que policiais militares prenderam um homem em flagrante por tráfico de drogas. A análise do celular apreendido com Vitor Hugo da Silva, o VH, revelou a participação dele num plano para matar Roberto Medina. Os investigadores encontraram, por exemplo, um minucioso levantamento sobre a rotina de Medina, com fotos e vídeos que mostram o trajeto percorrido diariamente pelo coordenador de presídios de casa até o trabalho. Em áudios, os bandidos falam sobre a preocupação de serem filmados nas imediações da casa de Medina. Criminosos alugaram casa próxima à casa de Gakiya Reprodução Operação mira suspeitos de monitorar a rotina de autoridades Divulgação A partir da prisão de VH, os investigadores chegaram até outro suspeito, Wellison Rodrigo Bispo de Almeida, o Corinthinha, também integrante do PCC. Wellison foi preso no curso das investigações. Embora resida em Martinópolis, ele tinha alugado uma chácara a 53 quilômetros dali, em Presidente Bernardes. Wellison alegou que estava fugindo de um policial, que o ameaçou de morte. Mas os investigadores afirmam que estava ali a mando do PCC para seguir os passos de Roberto Medina. Os policiais identificaram um terceiro suspeito de envolvimento no plano de atentado contra autoridades. Sérgio Garcia da Silva, o Messi, foi preso no dia 26 de setembro, por tráfico de drogas. Em um celular, encontrado debaixo de um travesseiro, havia conversas que indicavam o envolvimento dele no plano de assassinato de Medina e também de Gakyia. Também foram encontrados prints de telas com o trajeto que Gakyia costuma fazer de casa ao trabalho. Investigação mostra que PCC usava loja infantil pra lavar dinheiro